A história deste livro faz-me lembrar aquelas pequenas comunidade (aldeias ou vilas) um pouco espalhadas por todo o país em que, não obstante o facto de ficarem ao lado umas das outras, vivem grandes rivalidades entre si e que os "ódios de estimação" são alimentados durante anos e anos, passando de geração em geração.
Duas pequenas ilhas que se avistam entre si, em que as suas comunidades vivem momentos de tensão e "pequenas guerras" entre si, em que vigiam e invejam os negócios uns dos outros, e em que o facto de terem menos ou mais areia nas suas praias só serve para acentuar ainda mais as discórdias.
Embora goste muito da escrita de Joanne Harris, nesta obra por vezes a narrativa é um pouco dispersa e maçadora, embora o desenlace final tenha sido melhor do que eu estava à espera.
Uma história que nos faz pensar que para as coisas dêem certo, convém que toda a gente "reme" para o mesmo lado...
Encerradas numa pequena ilha na costa do Atlântico, duas comunidades
vivem de costas voltadas entre si. Enquanto La Houssinière se
transformou numa cidade próspera devido ao turismo que a única praia de
toda a ilha lhe proporciona, Les Salants permaneceu esquecida no tempo,
habitada apenas por pescadores e marinheiros que, tal como a vida que
levam, são rudes e amargos. Mado nasceu em Les Salants, mas cedo partiu
com a mãe para Paris. Após a morte desta, a jovem decide voltar à ilha
da sua infância e reencontrar o pai. Mas o regresso ao passado não é
fácil. A ilha, constantemente varrida por um vento inclemente, encerra
em si todo um universo de mistérios e contradições, inacessíveis a uma
"desconhecida". Mas, estranhamente, tal parece não ter acontecido com
Flynn, um jovem irlandês que, embora recém-chegado, é alvo da afeição e
da confiança de todos, até do pai de Mado, um homem cujo coração está
fechado para o mundo e que se mantém teimosamente recolhido num silêncio
sepulcral. Face a uma comunidade fechada, supersticiosa e apostada em
manter acesos ódios ancestrais, Mado decide desafiar a sorte e as marés e
consegue vencer o orgulho e as crenças dos habitantes de Les Salants.
Juntos, vão tentar mudar o futuro da povoação e o seu próprio destino.
Para Mado, esta vai ser uma incursão no amor e o (re)encontro com os
valores familiares e comunitários. Poderá um castelo de areia sobreviver
às marés? Inspirado na ilha onde Joanne Harris passou alguns momentos
da sua infância, A Praia Roubada transporta-nos de imediato para a nossa
própria infância e, especialmente, para os inesquecíveis dias
ociosamente passados à beira-mar.
Notas sobre a autora:
Escritora franco-inglesa, Joanne Michèle Sylvie Harris nasceu a 3 de
Julho de 1964, em Yorkshire. Filha de pai inglês e mãe francesa, ambos
professores, cresceu sentindo-se deslocada por força do seu bilinguismo,
num meio adverso ao cosmopolitismo. Refugiou-se portanto na leitura,
que povoou a sua fantasia de amigos imaginários, sobretudo nos primeiros
dez anos da sua vida.
Estudou no Wakesfield Girl's High e no Barnsley Sixth Form College.
Passou grande parte da sua adolescência a escrever, imitando os seus
autores favoritos, à procura do seu próprio estilo. Ao terminar o ensino
secundário, ingressou no St. Catherine's College de Cambridge, onde se
diplomou em Línguas e Literaturas Medievais e Modernas, Variante de
Estudos Franceses e Alemães. Neste período envolveu-se em algumas
actividades extra-curriculares, como a prática do Ju-Jitsu e a música,
chegando a actuar em vários bares de Cambridge com o seu baixo.
Antes de responder à vocação familiar do ensino, passou por uma breve
fase em que trabalhou como guarda-livros e como música. Começou depois a
ensinar Francês na Leeds Grammar School e, mais tarde, Literatura
Francesa na Universidade de Sheffield.
Em 1989 publicou o seu primeiro romance, The Evil Seed, a que se seguiu
Sleep Pale Sister (1993). Ambas as obras passaram despercebidas pela
crítica, nunca chegando a ser reeditadas. No entanto, dez anos após o
aparecimento do seu primeiro trabalho, surgiu com Chocolat (1999). A
obra, que constituiu um sucesso de vendas imediato, foi nomeada para um
Prémio Whitbread. Situado num lugar exótico no vale do Loire, em França,
o romance contava a história de uma jovem viúva que chega a uma aldeia
oprimida e decide abrir uma lojas de chocolates, que usa para adoçar a
amargura da população. Foi adaptado para o cinema pelo realizador Lasse
Hallström, contando com a presença de Juliette Binoche no papel
principal.
No ano de 2001 apareceu Five Quarters Of The Orange (Cinco Quartos de
Laranja), a que seguiram Blackberry Wine (2001), The French Kitchen, A
Cookbook (2002), Coastliners (2002, A Praia Roubada) e Holy Fools
(2003).