Confesso que este não foi dos livros que mais me agradou ler, pelo facto de ter muita descrição e pouco diálogo, mas a história em si não deixa de ser interessante.
É marcante verificar que a ausência de uma boa estrutura familiar gera pessoas com graves problemas de identidade, crises e conflitos.
É o que se passa com as duas irmãs do livro, que perderam o pai, passaram pelo suícidio da mãe, foram entregues aos cuidados da avó, que entretanto vem a falecer, ficam novamente entregues a duas tias-avó idosas, que não sabem bem como lidar com 2 crianças e, finalmente, aparece uma tia que vai (tentar) acompanhá-las até ao final da história.
Vivências difíceis que podiam ter acontecido a qualquer um de nós.
Um livro bem escrito, se bem que de leitura algo maçadora!
A mãe de Ruthie, a jovem narradora do livro, e Lucille deixa-as à porta
da casa da avó, numa cidade remota, antes de se suicidar, atirando-se do
alto de uma falésia para o lago onde o pai tinha desaparecido muitos
anos antes, na sequência do descarrilamento de um comboio.
As meninas são criadas por uma série de parentes até ficarem,
finalmente, ao cuidado de Sylvie, a irmã da mãe, que volta a casa após
muitos anos desaparecida.
A vida com Sylvie, que passou uma grande parte da vida a deambular por
diversos sítios, é pouco comum, já que esta se vai revelando algo
lunática. No início, as suas excentricidades parecem ser pouco
importantes, mas, à medida que o tempo vai passando, o seu comportamento
torna-se errático. Lucille começa a querer uma vida diferente, mais
convencional, e esse desejo afasta-a da irmã. A sonhadora e
desarticulada Ruthie, ainda marcada pela perda da mãe, e cada vez mais
afastada da vida da comunidade local, prefere a trágica, mas poderosa e
poética, visão do mundo da tia, e passa vários anos sem ver a irmã,
ainda que não pare de pensar nela.
Laços de Família, seleccionada pelo The Observer
como uma das 100 melhores obras de todos os tempos, é uma obra de puro
encanto, acerca da natureza transitória do amor e da impermanência de
todas as coisas.
Notas sobre a autora:
Marilynne Robinson é autora do romance Ao Meu Filho (Difel, 2006), que lhe valeu um Prémio Pulitzer, e de dois livros de não ficção, Mother Country e The Death of Adam. Laços de Família
venceu o Prémio PEN/Hemingway para um primeiro romance notável, tendo
sido adaptado ao cinema, com Christine Lahti e Sara Walker nos papéis
principais. Marilynne Robinson vive na cidade de Iowa, onde lecciona em
workshops da Universidade de Escritores do Iowa.