Um homem que faz uma restropectiva da sua vida, desde a infância, passando pela adolescência, até aos dias correntes, transportando as suas recordações para a escrita, enquanto toma conta de um recém-nascido que dorme tranquilamente.
Uma escrita diferente mas muito interessante, que nos faz viajar através de usos e costumes diferentes dos nossos.
Numa casa de Calcutá, parcamente iluminada pela luz amarela de um
candeeiro de rua, um recém-nascido permanece embrulhado numa toalha de
hospital. No quarto ao lado, um homem escreve.
Quem é esse homem, a um só tempo assustado e determinado? O que escreve?
De onde veio o bebé e qual será o seu destino? Durante a noite, todas
estas questões serão respondidas, à medida que o homem vai desvendando
os segredos que tem carregado toda a vida.
Lentamente, à medida que a noite avança, a terrível verdade é revelada
peça por peça, tal como num quebra-cabeças: duas crianças que exorcizam
os medos no azul da manta que lhes cobre a cama; uma mãe que acena a um
estranho que passa enquanto lava o filho; o fantasma de um bebé morto,
cujas pegadas marcam o chão da casa de banho; o uivo mudo de um estádio
de críquete.
Numa prosa arrebatadora e precisa, Raj Kamal Jha revela o amor e a
esperança que teimam em existir por detrás da violência camuflada e do
erotismo distorcido de uma velha cidade. A Manta Azul é uma
história profundamente comovente sobre pessoas que, através da sua
imaginação, conseguem a salvação que tão desesperadamente procuram.
Primeiro romance do autor, ele revela-se de um poder extraordinário e de
uma rara humanidade, fazendo recordar a estreia de Arundhati Roy e o
seu Deus das Pequenas Coisas.
Notas sobre o autor:
Raj Kamal Jha nasceu em 1966 e passou os seus primeiros dezoito anos em Calcutá, onde regressou em 1992. Vive agora em Nova Deli, onde é editor do Indian Express, o maior jornal nacional da Índia.