Isto é o que eu chamo de um livro "tranquilo": não prima pela mistério, pela acção desenfreada, por correrias, mas há alturas em que nos faz falta ler um livro como este.
Várias histórias se passam, várias personagens nos são dadas a conhecer, tendo sempre como elo de ligação Olive Kitteridge, senhora conhecida por todos na pequena cidade onde vive, professora aposentada que todos respeitavam e temiam.
Olive, mulher de feitio pouco fácil, vai-nos dando a conhecer os seus "pequenos dramas" em relação ao avançar da idade, a mágoa de ver o filho tomar as rédeas da sua própria vida e partir para longe, as críticas aos vizinhos que perto dela moram, a dificuldade de lidar com a doença do marido, etc...
É um livro que nos faz pensar que também nós, aos poucos, estamos a avançar na idade e que, se calhar, um dia destes, vamos começar a pensar da mesma forma que Olive Kitteridge.
Mais uma vez saliento que é um livro recheado de tranquilidade e ternura.
A cidade costeira de Crosby, no Maine, um local aparentemente igual a
tantos outros, parece conter em si o mundo inteiro, com as vidas dos
seus habitantes a transbordarem de grandes dramas humanos: desejo,
desespero, ciúme, esperança e amor.
Umas vezes implacável, outras vezes paciente, perspicaz ou em negação,
Olive Kitteridge, uma professora reformada, lamenta as mudanças da sua
pequena cidade e do mundo em geral, mas nem sempre se apercebe das
mudanças ocorridas naqueles que a rodeiam: numa pianista de bar
assombrada por um antigo romance passado; num antigo aluno que perdeu a
vontade de viver; no seu próprio filho adulto, que se sente tiranizado
pelo seu temperamento irracional; e no seu marido, Henry, que vê na sua
fidelidade ao casamento tanto uma bênção como uma maldição.
À medida que os habitantes da cidade vão lidando com os seus problemas,
de forma calma ou furiosa, Olive é levada a uma profunda compreensão de
si mesma e da sua vida ¿ por vezes de maneira dolorosa, mas sempre
cruamente honesta. Olive Kitteridge oferece-nos uma perspectiva
profunda da condição humana, com os seus conflitos, as suas tragédias e
alegrias, e a resistência por ela exigida.
Notas sobre a autora:
Elizabeth Stout é a autora de Abide with me, um bestseller nos Estados Unidos seleccionado pelo Book Sense, e de Amy and Isabelle,
obra vencedora do Los Angeles Times Art Seidenbaum Award para o
primeiro romance e do Chicago Tribune Heartland Prize. Também foi
finalista do prémio PEN/Faulkner e do Orange Prize em Inglaterra. Os
seus contos foram publicados em inúmeras revistas, entre as quais The
New Yorker e O: The Oprah Magazine. Lecciona no Mestrado de Belas-Artes
na Universidade de Queens em Charlotte, Carolina do Norte, e vive na
cidade de Nova Iorque.