Este livro foi para mim o que se chama de "uma bota díficil de descalçar". Não sei se foi da época de muitos afazeres ou se a vontade de ler era pouco, mas confesso que foi dos livros mais aborrecidos que li até hoje. Estive várias vezes para o colocar de parte e deixá-lo a meio, mas fiz um esforço e levei-o até ao fim, pois as críticas que tinha lido sobre a obra eram bastante boas.
De qualquer maneira, até ao final, não o achei nada de especial, mas como gostos não se discutem, embora eu não o tenha apreciado haverá com certeza quem goste dele, por isso apresento mais esta sugestão para a Academia dos Livros.
Mei é uma chinesa moderna e independente; tem a sua empresa em Pequim, trabalhando como detective privada. Tem automóvel, e mesmo o"luxo" mais moderno: um secretário. Um dia, o "tio" Chen, um amigo chegado da mãe, dá-lhe um caso para investigar. Pede-lhe que encontre uma peça de jade da dinastia Han, de grande valor, desviada de um museu durante os anos da Revolução Cultural quando os Guardas Vermelhos infestavam as ruas e destruíam muitos vestígios do passado. A investigação força-a a mergulhar na parte sombria e brutal da história da China - os campos de trabalho de Mao e as inúmeras mortes pelas quais jamais alguém foi responsabilizado - expondo as escolhas dolorosas feitas durante a Revolução: matar ou ser morto, amar ou viver.
O Olho de Jade permite-nos vislumbrar também a fascinante vida citadina da China moderna. Diane Wei Liang retrata com grande vivacidade a azáfama de Pequim, desde os antros de jogo e os bares que servem refeições baratas até ao esplendor da Cidade Proibida. Com um magnífico elenco de personagens, abrangendo toda a escala social dos mais humildes trabalhadores aos funcionários governamentais, a autora analisa as relações por vezes incómodas entre o brutal passado comunista da China de Mao e o seu presente cada vez mais na via do capitalismo.
Notas sobre a autora:
Diane Wei Liang nasceu em Pequim e passou parte da infância com os pais num campo de trabalho numa região remota da China. Enquanto frequentava a Universidade de Pequim, nos anos 80, participou no Movimento Democrático dos Estudantes e envolveu-se nos acontecimentos da Praça de Tiananmen, tendo-se inspirado nessa experiência para escrever a sua notável obra autobiográfica, O Lago Sem Nome, editado também em Portugal. Diane tem um doutoramento em Administração Empresarial da Carnegie Mellon University e durante mais de dez anos foi professora de Gestão nos Estados Unidos e no Reino Unido. Actualmente vive em Londres com o marido e os dois filhos do casal.