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sexta-feira, 20 de maio de 2011

"PADRE MOTARD"

Já alguém me tinha dito que, ao lermos um livro escrito por alguém que conhecemos pessoalmente, esse livro teria muito mais "sabor". Nunca tinha tido essa experiência, por isso não me podia pronunciar sobre o assunto... até hoje...
Esta autobiografia é de alguém que conheci pessoalmente e com quem privei durante meia dúzia de anos, o Padre José Fernando foi pároco na minha paróquia durante 6 anos e foi precisamente este padre que me casou. Tanto eu, como todas as pessoas que com ele privaram na sua passagem por esta pontinha do Algarve, aprendemos muito com a sua maneira de ser e de viver a fé.
Este homem é um lutador, pois perante uma doença grave não baixou os braços e continua com um sorriso nos lábios, transmitindo força e coragem a quem com ele se cruza. Respeitado entre todos, tem nas motas a sua grande paixão e nos motards os seus grandes companheiros.
Um livro muito genuíno e verdadeiro, como só o Padre Zé Fernando sabe ser... mais uma sugestão para a estante da Academia dos Livros.
O livro é uma autobiografia. O padre José Fernando conseguiu conciliar o seu sacerdócio com o amor pelas motas, e foi o universo muito particular dos motards que, ao acolhê-lo, o retirou do anonimato, transformando-o numa figura de enorme popularidade a nível nacional.
O seu carisma tem raízes numa profunda genuidade, na fidelidade inabalável a si próprio, na capacidade de estar próximo das pessoas, de escutar sem julgar, sem nunca excluir e numa contagiante alegria de viver.
"O padre Zé Fernando é o Sol!", dizem dele os "seus motards".
O surgimento de um cancro ("uma derrapagem..."), em 2005, leva-o a fazer um desvio no seu percurso e a questionar-se, mas não à sua fé. Aceitando embora algumas limitações, vive agora um dia de cada vez, quase sem compromissos senão com os amigos, com a sua crença em Deus e na vida.
"Gostava que pudessem olhar para a minha vida e constatassem que ela foi uma prova de que Deus existe e que Ele viveu em mim (...). E... olhe... que não me façam tão mau como eu fui, nem tão bom como realmente não fui. Gostava de ser recordado na dimensão exacta daquilo que fui. E que o meu objectivo foi sempre o bem, a perfeição, a união. Foi sempre a minha preocupação profunda, apesar de ter consciência que nem sempre o consegui. Os motards, muita gente... ajudaram-me. Mostraram-me que a minha vida não foi em vão. (...)"
Notas sobre o autor:
José Fernando da Cruz Lambelho nasceu a 11 de Janeiro de 1958 em Aldeia de Joanes (Fundão). Reside em Aldeia Nova do Cabo. Estudou no Seminário Menor do Fundão, Seminário Maior da Guarda e no Instituto Superior de Teologia de Évora. Foi ordenado sacerdote a 1 de Julho de 1894 pela Arquidiocese de Évora, onde se encontra actualmente incardinado. Foi Vigário Paroquial da zona Pastoral de Reguengos de Monsaraz (2984 a 1988) e de Vila Real de Santo António. Pároco em Vila do Bispo, Sagres e Raposeira (Algarve) desde 1989 a 1995.
Em 1986 frequentou o Curso de Capelães Militares na Academia Militar. Em 2004 foi nomeado Capelão, para os Estados Unidos, das Comunidades Portuguesas na Arquidiocese de Los Angeles, Director Espiritual dos Cursos de Cristandade de Língua Portuguesa para o Sul da Califórnia.
Em 1997 recebe o Diploma de Mérito de Motociclista. É membro da Federação de Motociclismo de Portugal (Comissão de Mototurismo) desde 1998. Impulsionador da criação do Dia Nacional do Motociclista e do Protector e Padroeiro dos Motociclistas, o Arcanjo São Rafael.
Foi docente de Educação Religiosa e Moral Católica e outras disciplinas no Ciclo Preparatório e Escola Secundária de Reguengos de Monsaraz, Escola Secundária de Vila Real de Santo António, C+S de Vila do Bispo e Externato de Nossa Senhora dos Remédios no Tortosendo.
Actualmente encontra-se reformado por doença oncológica.