Em Portugal temos grandes autores e se alguém tem dúvidas disso agarre num dos livros de Francisco Moita Flores e leia... este é um escritor com E grande.
Já li todos os livros publicados do autor, só me faltava este. Francisco Moita Flores tem um modo de escrever tão intenso que ao ler esta obra senti que estava a viver em Lisboa no ano de 1918.Aproveitem a sugestão e leiam o livro... levanta sérias questões sobre a morte do Presidente Sidónio Pais, contrariando em muito tudo aquilo que sempre ouvimos contar.
Hoje, que é Dia de Portugal, acho que não poderia haver melhor sugestão de leitura. Já agora... um bom feriado para todos.
A Polícia confundira todos aqueles que odiavam Sidónio e a sua política cesarista com assassinos em potência. A Maçonaria queria vê-lo destituído, a Carbonária talvez o quisesse desfeito em migalhas, os católicos queriam mais do que o espavento das missas em que o Presidente participava, os integralistas exigiam uma política de ruptura, os democratas odiavam-no e por aí fora.
E neste quadro de ódios, os resultados a que chegara apontavam para um míudo de 22 anos, fascinado pelo turbilhão das sucessivas rebeliões sindicais, vaidoso da arma que mostrara a Ana Rosa, que, num momento fortuito da sua vida, conseguira estar próximo do objecto de todos os ódios e disparar fortemente.
E Asdrúbal vivia com essa angústia dilacerante. Nem a arma fora recuperada, nem o rapaz, abatido como um cão, poderia ser interrogado.
Notas sobre o autor:
Francisco Moita Flores tem o nome associado a uma vasta e prestigiada obra que se distribui pelo romance, televisão, cinema e teatro. Alguns dos seus trabalhos estão inscritos na galeria da melhor ficção nacional. Ballet Rose, Raia dos Medos, O Processo dos Távora, A Ferreirinha, A Fúria das Vinhas, Não Há Lugar Para Divorciadas, Polícias sem História, Filhos do Vento, as adaptações de grandes autores como Aquilino Ribeiro, Eça de Queiroz, Júlio Dinis, entre outros, tornaram-no uma figura incontornável da dramaturgia escrita em português.
Traduzido em várias línguas, várias vezes premiado, quer em Portugal quer no estrangeiro, acabou por ser recentemente distinguido pelo Presidente da República com a condecoração de Grande Oficial da Ordem do Infante.
Investigador dos fenómenos da violência e da segurança, "está", como costuma dizer, Presidente da Câmara Municipal de Santarém.